A pandemia pelo Covid-19 nos tem apresentado várias formas de evolução da doença, que tem como protagonista o novo coronavírus, e particularidades com relação às crianças. Desde o início em Wuhan (China), trabalhos têm demonstrado que o número de crianças diagnosticadas com Covid-19 foi muito menor em comparação à população adulta. O quadro clínico nas crianças é bem mais leve e a duração mais curta, na maioria das vezes.
Existem algumas hipóteses para a doença se manifestar de forma mais leve nas crianças do que nos adultos: 😷 As crianças apresentam sistema imunológico em desenvolvimento e essa característica parece dificultar a replicação do vírus dentro das células, favorecendo uma inflamação menos intensa dos pulmões. Parece estranho, mas o vírus SARs-Cov-2, ao entrar em contato com a mucosa respiratória, se liga às células através de um receptor específico (como uma chave entrando na fechadura) e, ao conseguir entrar nas células, começa a se replicar e desencadear o processo inflamatório. Trabalhos demonstram que esses receptores nas crianças podem não ter estrutura e função completas e, com isso, o vírus não consegue se replicar tanto. 😷 Estudos na China e Itália demonstraram que o número de pacientes asmáticos internados com quadros mais graves de Covid-19 foi abaixo do esperado, em adultos e crianças, fato que causou surpresa, pois o quadro de asma tem maior chance de desenvolver Covid-19 na sua forma mais grave. 😷 Manifestações na pele podem estar presentes nos quadros de Covid-19 e, nas crianças, elas podem aparecer de forma isolada, sem outros sintomas. 😷 Por outro lado, a presença de prematuridade e a coexistência de doença cardíaca e episódios de chiado no peito recorrentes foram associados a quadros mais graves de Covid-19 nas crianças.
Ainda não conseguimos delinear com precisão a infecção pelo Covid-19 nas crianças e nem os fatores que propiciam quadros leves na maioria dos casos, pois estamos aprendendo diariamente sobre a doença. Devemos manter os cuidados preconizados até o momento e lembrar que quadros mais leves nas crianças podem passar despercebidos, mas se mantêm como fonte importante de contaminação para populações de risco.