Vacinas para alergia: conheça a imunoterapia específica

A imunoterapia específica contra alérgenos, conhecida também como vacina de alergia, é utilizada há várias décadas no tratamento de algumas doenças alérgicas. Ao promover uma alteração/modulação da resposta imunológica, o paciente fica mais tolerante ao que induz sua alergia, ajudando no controle dos quadros. Por ser um tratamento prolongado e que exige cuidados, é feito sob supervisão do médico alergista, identificando e tratando eventuais efeitos adversos.

A alergia e imunologista Rosana Neves esclarece outras dúvidas sobre este tratamento:

Quais doenças alérgicas recebem a indicação de imunoterapia específica?
Dra. Rosana Neves: Rinite alérgica, conjuntivite alérgica, asma alérgica e alguns quadros de dermatite atópica e picada de insetos himenópteros (abelhas, vespas e formigas).

Em quais situações os pacientes recebem a indicação da vacina?
Dra. Rosana: Sempre avaliamos o paciente, estabelecemos o diagnóstico da doença e se o fator alergia tem relação com o desencadeamento das crises. Por exemplo, ao ter contato com poeira após varrer a casa e com cobertores, começa a ter sintomas. Vale também para contato com animais (cães, gatos principalmente) aliados a um teste alérgico positivo para ácaros e/ou pelo de gato e cachorro. Fazemos a orientação de tratamento medicamentoso e, quando observamos uma dificuldade em controlar os sintomas, mesmo com uso de medicamentos, indicamos a imunoterapia específica. Não iniciamos, porém, em casos graves; primeiro controlamos a doença para depois iniciar esse tratamento.

A forma de administração é sempre injetável?
Dra. Rosana: Pode ser realizada por via oral também. Nesses casos, o paciente leva o frasco da vacina para casa, sempre orientado com os cuidados, como guardar em geladeira. Esse paciente vai usar diariamente durante a fase de indução, que é aquela onde vamos aumentando a dose gradativamente. Quando chega à dose máxima, o paciente entra na fase de manutenção e usará a mesma dose até o final do tratamento.
Outra forma é a injetável, aplicada por via subcutânea, onde o paciente recebe doses semanais durante a fase de indução e, na fase de manutenção, passa para 15 dias. Os pacientes que recebem esse tipo de vacina não a levam para casa e recebem a aplicação na própria clínica, onde temos o cuidado de avaliá-los antes de cada aplicação, pois, se estiverem em crise, não devem receber a vacina.

Por qual razão o tempo de tratamento é prolongado?
Dra. Rosana: O tratamento dura em torno de três a cinco anos, sendo, no mínimo, três anos. É prolongado porque o objetivo desse tratamento é modificar a resposta imunológica que o paciente alérgico tem. Anteriormente ao tratamento, ele reage de forma exagerada quando entra em contato com o que é alérgico. Quando fazemos a imunoterapia específica, administramos ao paciente o alérgeno em questão, em concentrações pequenas e crescentes, e assim conseguimos induzir uma tolerância a esses alérgenos. Para modificar essa resposta imunológica sem grandes riscos de desencadear reação alérgica mais grave, precisamos desse tempo prolongado.

Como as vacinas comuns, as de alergia podem apresentar reações?
Dra. Rosana: Sim, pois estamos administrando ao paciente substâncias que ele é alérgico e podemos desencadear os sintomas da alergia. Por via oral, o risco é menor do que por via subcutânea, e esse é um dos motivos por que todos nossos pacientes recebem a imunoterapia na nossa clínica, pois, se apresentarem alguma reação, conseguimos controlá-la. A reação que mais observamos é no local da aplicação (vermelhidão com coceira).

As respostas ao tratamento costumam ser favoráveis?
Dra. Rosana: Sim. Quando bem indicada, a imunoterapia específica contribui muito para o controle das doenças alérgicas as quais têm indicação. As crises ficam menos intensas e menos frequentes e, quando acontecem, são mais fáceis de controlar. O paciente ganha, com isso, mais qualidade de vida.

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